POSSIDÔNIO AVELINO DA COSTA (1880 - 1963)

  


 “Possidônio do Bico da Arara”, era filho de José Venâncio da Costa e Manoela Alexandrina, tendo nascido a 17 de maio de 1880 e falecido a 07 de fevereiro de 1963.  Em Sertões do Seridó (Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1980), Oswaldo Lamartine faz a seguinte referência a ele:  O sertanejo seridoense, pela significação de uma vida mais achegada à terra é, mais das vezes, em grau de mestre ou de aprendiz, capaz de “tirar um rasto”.  Mestre como o velho Possidônio Avelino da Costa, morador na Serra Padre (Acari, RN), que lá pelas idas eras de quarenta, rastejou por toda uma noite de lua pelo lombo da Serra do Bico até Gargalheiras – os cabras que haviam assaltado seu vizinho – o velho Claudino Gogó. (p. 194).  Por causa desse episódio, e de tantos outros que devem estar na memória dos mais velhos acarienses, o mesmo Oswaldo Lamartine, em discurso por ocasião da inauguração da TELERN em Acari, homenageou Possídônio dando-lhe o título de “mestre de rédeas e de rastros”. Foi o mestre quem descreveu à família Lamartine o detalhe dos rastros dos assassinos de Otávio. Muito amigo do vizinho Juvenal Lamartine, Possidônio fez várias viagens em companhia do futuro governador do Rio Grande do Norte quando ele ainda era juiz de Direito e ia de Acari a Serra Negra a cavalo. Como bom rastejador e cavaleiro, acompanhou o governador numa das suas viagens de Acari a Natal.  Ao falecer, Possidônio possuía as seguintes propriedades: Mutuca, Braz, Logradouro, Cajueiro. Possuíra também uma parte do Bico da Arara, que vendeu ainda em vida ao Sr. Gil Brito (a parte da antiga mina). Morou muitos anos no Logradouro, no alto da serra, mas faleceu quando morava na Fazenda Cajueiro, e tinha casa na rua da Matriz, em Acari. Casou-se duas vezes: a primeira, com uma senhora chamada Maria (filha de Teófilo Cortez). Após enviuvar, Possidônio se casou com Inácia Maria de Araújo Costa. Não nasceu nenhum filho desses dois casamentos, mas aquele homem do Bico adotou vários afilhados, a maioria deles gente simples que se agregava ao trabalho das terras do seu “padrinho”. Só no segundo matrimônio foram adotadas exatamente dezoito pessoas. Uma curiosidade: todos os filhos adotivos deveriam estudar, motivo pelo qual foi construído um pequeno grupo escolar na fazenda Cajueiro, e o salário da professora era garantido durante muito tempo pelo proprietário da terra, até que a prefeitura assumiu, na década de 1960, a “escola”.  Quando ainda era casado com Dona Maria, Possidônio adotou a irmã Joana Benícia de Jesus, que ficara órfã, e que depois se casou com Ananias Pedro dos Santos (filho de Joaquim Pedro, cujo túmulo se localiza no Bico da Arara). Joana é a minha avó legítima e, pelo lado materno, é como se eu e minhas irmãs fôssemos bisnetos de Possidônio.  Acontece que a nossa mãe (Terezinha, sobrinha e “neta” de Possidônio), contraiu núpcias com Carlos Braz de Araújo, irmão de Inácia e filho adotivo dela e de Possidônio. “Carlos de Possidônio” herdou, com a morte do pai adotivo e cunhado, a fazenda Cajueiro, que hoje pertence à família de Dr. Pedro Gonçalves. Após ir à falência, Carlos de Possidônio foi embora para Minas Gerais e trabalhou honestamente em uma fazenda de gado, por mais de vinte anos, até a sua aposentadoria. Quando nós nos encontramos temos o prazer de reviver com saudade os tempos, digamos, “medievais” que nos deram o privilégio de ter três avós, sendo que um deles era simultaneamente TIO, AVÔ E BISAVÔ. Nós o tratávamos como PADRINHO.  Esta foto de Padrinho Possidônio foi revelada em 1953. Com esforço imaginativo, acrescento ainda à memória que se constrói neste BLOG: o meu avô foi tropeiro; era amigo de ciganos que se arranchavam nas suas terras; criava mocós nos serrotes, pois apreciava essa carne nobre; proibiu o jogo de futebol no Cajueiro. Gostava de tomar café e de fumar, tanto que desobedeceu à “ordem” de Dr. Odilon e manteve esse vício durante a prolongada doença cardíaca que o levou à morte. Depois dessa agradável leitura, temos apenas que agradecer a Humberto, doutor num bocado de coisas e, também, mestre noutra ruma, tais como nas rédeas e nos rastros das letras.

Por Humberto Hermenegildo de Araújo - “Humberto de Carlos de Possidônio”.




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