JOÃO NEVES DE OLIVEIRA

 Difícil de imaginar, raro de acontecer, mas possível de realizar. Diante de um mundo desgastado pela ingratidão, repleto de pessoas egoístas, que não conhecem o valor do amor, encontra-se exemplos raros, como o de um casal que está junto em matrimônio há 65 anos, são eles: João Neves de Oliveira e Maria Francisca. Casal simples, humilde, que educou seus vinte filhos com base no ensinamento do amor, do respeito, humildade e dignidade. E a partir da necessidade de divulgar e provar a todas as pessoas de que o amor existe e não é utopia, venho contar essa história que já dura mais de seis décadas, comemorando Bodas de Safira. Maria Francisca nasceu em 24/11/1927 no sítio Acauã, município de Acari (RN), ela foi a décima primeira de 12 irmãos, filha de Manoel Euzébio do Nascimento e Severina Maria da Conceição. Morou muitos anos no Acauã; com 15 anos foi morar no Cabeço Branco, sítio da referida cidade,onde ficou por um ano. Em sua infância brincava de pular corda, mas também já ajudava nas tarefas de casa e na agricultura. Seu sonho era aprender a ler e escrever; assim, quando tinha 14 anos, resolveu que era tempo de realizar o seu sonho e, para isso, trabalhou apanhando algodão, fava, e engomava para pagar a uma professora particular; estudou três meses e aprendeu a ler e escrever. João Neves de Oliveira nasceu em 07/09/1921 na Serra da Caiçarinha em Acari (RN), porém foi registrado como sendo natural de Cuité (PB). Depois foi morar no Benedito, em seguida na Serra do Pai Pedro e por fim, em 1946, no Cabeço Branco – todos, sítios de Acari. Sempre trabalhou na agricultura e cuidava do rebanho de animais. Foi o segundo filho de oito irmãos. Seus pais são: José Neves de Oliveira e Antônia Jovelina da Conceição. João começou a namorar com 16 anos e namorou bastante durante sua vida de solteiro. João Neves e Maria Francisca se conheceram num barracão dos patrões (antigo comércio da época), onde faziam a feira, ele sempre ia almoçar na casa dela, quando a mesma ainda era criança. E nessa época já ocorriam brincadeiras que envolviam paqueras. Antes de eles namorarem, ela namorou e noivou seis meses com outro rapaz; e ele teve cinco meses de namoro e noivado com outra moça. Um dia se reencontraram por acaso e começaram a conversar, e no meio da conversa um disse ao outro que não tinham compromisso com outras pessoas, quando na verdade ambos eram comprometidos. Acabaram os noivados: ela, através de carta; e ele, através da distância, já que sua noiva foi embora. No sábado de páscoa de 1943, Maria Francisca e João Neves começaram a namorar, e em julho do referido ano noivaram. Em seis de fevereiro de 1944 se casaram, num domingo, às 2h da tarde, na Matriz de Acari. O celebrante foi Padre Ambrósio, e, no sítio, houve festa com muita comida e forró. Após o enlace matrimonial, foram morar em cima da Serra do Pai Pedro (Acari), e lá ficaram de 1944 à 1946. Em 1944 nasceu seu primeiro filho, Maria Aparecida, mais conhecida como Mariquinha; em 1945 nasceu José Neves, conhecido como Dedeca; em 1946 se mudaram para a Serra do Cabeço Branco, município de Acari, e lá permaneceram até 1950. Em 1947 nasceu Francisca Diassis; em 1948, Pedro Neves; em 1949, Antônia e em 1950 nasceu Manoel Neves. Em 1951 foram morar no sítio Bernardino em Picuí (PB), esse foi pior momento de suas vidas, pois já com seis filhos, apenas tinham o que comer; mas roupas, produtos generalizados e de higiene pessoal era difícil de obter. Em 1952 foram morar na Serra de Maracajá, retornando para Acari (RN), e lá ficaram até 1956. No ano de volta a sua amada cidade nasceu Francisco, conhecido como Chico Neves; em 1953 nasceu Luzia, apelidada de Nininha; em 1955, José Martins que morreu aos três meses de idade; e em 1956, Fátima, conhecida como Fatinha. De 1957 á 1986 moraram na Carnaubinha (Acari), saindo de lá para morar na zona urbana de Acari, pois João Neves já tinha se aposentado como agricultor. Em 1957 nasceu Josefa, que gosta de ser chamada por Rosália; em 1959, Maria José; em 1960, Geraldo Neves; em 1961, Socorro; em 1962, Severino Domingo, conhecido por Birino; em 1963, Joana D’arc; em 1965, João Filho. Em 1966, nasceu Ana Lúcia, e apenas com 31 anos de idade, em 1998, morreu com câncer; Em 1966, nasceu Orlando; em 1970, Genilsom Neves e em 1972, a caçula Selma, conhecida por Selminha. Aos poucos os filhos foram saindo de casa e tomando o seu rumo. Em 1987 vieram morar na cidade e acabaram adquirindo mais uma filha, a sua neta Ana Catarina, que por motivos particulares, começaram a criá-la a partir de 11 dias de nascida. As maiores dificuldades para criar seus filhos foram de 51 a 53. Em 1953 diante de tanta dificuldade, Maria Francisca fez um pedido a Nossa Senhora da Conceição para ajudá-la, e no dia seguinte, logo cedo, saiu com três de seus filhos para procurar minério, e sentiu a presença de mais alguém que a acompanhava, e foi esse alguém que a mostrou onde deveria encontrar a pedra, sendo conduzida a um local próximo ao riacho, e lá encontrara a colombita, que era vendida em feira livre, então seu esposo vendeu o minério e pôde arrecadar algum dinheiro para ajudar nas despesas, e diminuir a dificuldade econômica da época, por isso o casal sempre foi devoto a Nossa Senhora da Conceição, já que em todos os momentos de dificuldades, a santa os ajudou. Seus filhos foram crescendo, trabalhando e ajudando nas despesas de casa, alguns se casaram e construíram família. Outros especificadamente nove de suas filhas vieram morar na cidade para trabalhar em casa de família e poder estudar. Hoje, já tem filhos com nível superior, alguns com ensino médio, outros o fundamental e alguns que não são letrados, pois sempre trabalharam duro para sua subsistência. O casal perdeu pessoas muito queridas, irmãos, pais, parentes, amigos, a nora Maria Menerci, mas as maiores foram a de sua filha com câncer, sendo dois anos de intenso sofrimento, de 1996 a 1998, e o assassinato, em assalto a banco, de seu genro Silvino, devido à repentina morte trágica. Suas maiores alegrias foi o seu casamento, a construção da família, o acompanhamento da criação de cada filho, e acima de tudo o amor e carinho que perduram com os 65 anos de casados. Definir esse casal é muito difícil, pois não há qualidades cabíveis senão todas existentes, mas podemos falar de João Neves como um homem sem estudo e sábio ao mesmo tempo, alguém que nunca estudou meteorologia e conhece o tempo como ninguém. É comum alguém perguntar: - “Seu João esse ano é bom de inverno?” E ele, como homem simples e sabedor das experiências do tempo e do clima, sempre responde com exatidão. Este é um homem desgastado fisicamente pelo tempo, mas forte espiritualmente, homem justo, digno e trabalhador que, de segunda à sexta, anda mais de três quilômetros para ir a um roçado que ele cuida com muito carinho. Ele é muito querido por todos que o conhecem, por isso sempre que alguém o encontra no caminho da sua eterna paixão – a terra, o plantio – sempre lhe dá carona, de ida e volta. João Neves é uma pessoa serena, que nunca discutiu com sua esposa, sempre a ouviu e procurou resolver tudo sem brigas, é exemplo de respeito e dedicação à família. E falar de Maria Francisca, é falar de generosidade, sempre buscou ajudar a todos mesmo com o pouco que tinha, nunca soube dar um não a alguém, é mulher sábia, sempre amou a leitura e escrita, adorava escrever cartas quando não existia telefone. É comum encontrá-la com um livro na mão. É mulher muito religiosa, sempre existe alguém que pede: – Dona Maria, me coloque em suas orações. E ela, como sempre, rezando por todos. Ela acredita muito no amor de Deus, é mãe dedicada, que soube exercer muito bem o seu papel, e sempre conquistou de todos que lhe rodeia o carinho e respeito. A família Neves é constituída de 20 filhos, 55 netos, 36 bisnetos e uma tataraneta. Portanto, celebrar 65 anos de matrimônio é celebrar todas as coisas positivas que deveriam existir no mundo para sê-lo melhor, e este não é um simples casal, mas um casal que serve de exemplo, para quem é pai e mãe, pra quem quer ter um matrimônio feliz, e para quem quer viver o amor intensamente, pois são mais de seis décadas de sincero amor. 


Fonte: acaridomeumor.nafoto.net

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