JOSEFA BEZERRA DE ARAÚJO

 


 Alimentava um sonho recorrente de só casar com moça rica e prendada, transformando este sonho em um dos seus objetivos definidos. Neste período Chicó Pinheiro já gozava de grande prestigio entre os políticos e homens de negócios do Rio Grande do Norte. Entre eles Dinarte Mariz, João Francisco da Mota, Florêncio Luciano, Rainel Pereira, coronel João Medeiros, José Evaristo de Araújo, José Braz de Albuquerque, Juvenal Lamartine de Faria, José Varela, Stoessel de Brito e tantos outros com os quais se encontrava nos escritórios das grandes empresas compradoras e exportadoras de algodão em Natal. Como ele, muitos moravam no interior do estado, em suas fazendas ou cidades e como eram poucas as opções de hospedaria na capital, normalmente estes homens se albergavam nos mesmos hotéis ou pensões. Nestes ambientes as refeições eram muitas vezes compartilhadas por um grande grupo, onde sempre havia um bom momento para se fazer novas amizades, falar de negócios, preços e sobre o comportamento do mercado. Foi assim que no escritório da empresa Wharton Pedrosa, Chicó Pinheiro conheceu a mulher encantada de seus sonhos, Josepha Bezerra Araújo. A jovem Josepha, ou Zefinha, como era conhecida, vendo aquele homem bem vestido, já de cabelos grisalhos, alvo, simpático, sorridente e conversador, mesmo a distância, sem ouvir suas conversas, imaginou estar diante de um “lord” inglês e correspondeu aos seus olhares. Chicó Pinheiro tomou informações sobre a jovem Josepha e disse para si mesmo: “Lamberei uma rapadura e casarei com esta jovem”. A Jovem estava acompanhada da mãe Cipriana Bezerra de Araújo, viúva do agropecuarista e industrial acariense Joaquim das Virgens Pereira. Dona Cipriana percebeu os olhares e já buscou junto ao Sr. Fernando Pedrosa, diretor geral da firma Wharton Pedrosa, informações sobre Chicó Pinheiro. Ouviu do respeitado negociante que ele era um homem direito, correto, bom pagador, comprador de algodão, seu cliente fiel e confiável. Aí Chicó Pinheiro, o matuto simpático, não deu mais trégua, Frequentou um mês inteiro a tradicional igreja de São Pedro, no bairro do Alecrim, onde Zefinha, em companhia da mãe, assistia à missa todos os dias. Logo em seguida passa a frequentar a casa da futura sogra, trazendo em algumas visitas suas irmãs como demonstração de suas boas intenções.  Foi assim que Chicó conquistou a moça rica e sabida dos seus sonhos.
UMA VIDA DIGNA
Certo dia, se sentindo muito cansado foi a Natal e depois de uma consulta ao seu médico e amigo Dr. Hellen Costa, foi por ele aconselhado para vir morar em Natal, pois seu coração estava muito crescido e não suportava mais os aborrecimentos próprios de um administrador na sua idade. Ele prontamente lhe respondeu “que seria uma grande dádiva de Deus se lá morresse subitamente, sem dar trabalho aos seus familiares”. Ao se aproximar dos 80 anos comentava com seus familiares e amigos mais próximos que se fazia necessário realizar uma grande festa, pois sabia que ela seria a última.  Assim convidou seu velho amigo, o Monsenhor Expedito de Medeiros para rezar uma missa onde ele pudesse agradecer de público a Deus pelas benções recebidas durante toda sua vida. A missa foi rezada no Grupo Escolar Francisco Pinheiro Borges, localizado na sede da Fazenda Bom Destino onde compareceu em torno de 500 convidados. Chicó Pinheiro agradeceu pessoalmente pela presença e o prazer de receber com seus familiares, em sua casa, os seus melhores amigos.
Chicó Pinheiro e Dona Zefinha ao piano
No dia 22 de abril de 1981 faleceu no hospital Dr. Luís Soares em Natal, rodeado de seus familiares e assistido por um dos seus melhores amigos, o médico Ernani Rosado. O Casal Chicó Pinheiro e Zefinha tiveram dezenove filhos, dos quais onze sobreviveram. Aqui estão nominados do primogênito ao caçula, todos com o sobrenome Pinheiro Borges: Maria das Dores casada com Ivo Ferreira Neto, Jarbas (falecido) casado com Sonia Azevedo Pinheiro, Haroldo casado com Mônica Maria Augusta de V. P. Borges; Rafael com Joana D’arc Marques de Araújo, Edda com Raimundo Dagmar Fernandes, Ana Maria com Manoel Alves Irmão (já falecido), Cosme com Maria Sonia de Azevedo Cabral, divorciado e casado em segunda núpcia com Jailda Barreto Carneiro, Eleenete casada com Pacífico de Medeiros Neto (falecido), Franklin com Vera Lopes, Maria José com Francisco Paulo e Vilma com Edvaldo Cursino Dias. FINAL. Tenho muita preocupação com o desaparecimento gradual das antigas casas de fazenda no nosso estado. Elas são caras e difíceis de serem preservadas e muitas estão se transformando rapidamente em ruínas. Quando estas são vendidas para outras pessoas, fora dos núcleos familiares que as criou, normalmente a história do lugar cai para segundo plano e muito deste passado é esquecido. Por isso é sempre bom conhecer um pouco da história destas antigas vivendas e de quem as edificou.

Concordo com Haroldo quando ele comenta que a casa grande da Fazenda Bom Destino, pela sua beleza e pujança, serve como símbolo da época do coronelismo e da implantação da agroindústria algodoeira. Mas uma casa, qualquer casa, é apenas uma casa quando nada sabemos da história de quem ali viveu. Por isso sou muito agradecido pela gentileza de Haroldo Pinheiro Borges, pai dos meus amigos Kacá e Eduardo (o Dado) Borges, companheiros dos bons tempos do Colégio Marista e do Tirol, por trazer para nosso espaço a biografia de Chicó Pinheiro e as fotos da bela Bom Destino.
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ROSTAND MEDEIROS

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