TOMÁS DE ARAÚJO PEREIRA (1765 - 1847).
O terceiro no nome era filho de Tomaz de Araújo Pereira Filho e de Tereza de Jesus Medeiros Rocha, sendo seu avô paterno o português colonizador Tomaz de Araújo Pereira, e tendo como avô materno o açoriano: Rodrigo de Medeiros Rocha. Foi Presidente da província do Rio Grande, de 5 de Maio a 8 de Setembro de 1824. Quando da finalização de seu governo, viajou de Natal para Acari e, num determinado trecho, vislumbrando risco de morte, escondeu-se num barril, que foi levado na cabeça de por um fiel escravo. Em Acari, produziu sua defesa, com o objetivo de excluir qualquer dúvida sobre sua participação nos episódios relacionados com a Confederação do Equador. De sua vida e temperamento muitos fatos o correlacionam, dentre os quais de seu rigor para com familiares, usando a palmatória e uma pequena 'cafua'. Quando da velhice e quase cego, suplicou ao Vigário da cidade, Thomás Pereira de Araújo, neto seu, que o ouvisse em confissão. O Vigário relutou, porém, o velho patriarca não admitiu a recusa e tanto fez que terminou por se confessar ao próprio neto. Após a confissão, como penitência, o padre Thomás determinou que o avô ficasse preso meia hora na inditosa 'cafua'. Resultado: a 'cafua' foi demolida pós cumprimento da penitência. Nasceu em Acari, no ano de 1765. Era um homem alto e, segundo Jayme da Nóbrega Santa Rosa, "de olhos azuis, madrugador ativo, generoso, humano, isto é, compreensivo, fazendeiro de amplas propriedades".Sobre sua figura foi projetada uma imagem de homem bom, porém, sem cultura. Jayme da Nóbrega combate, com fundamento, tal versão, afirmando que possuía "regular instrução" e que mantinha "assídua correspondência com seus amigos. As suas cartas eram ditadas a secretários, um dos quais era o seu neto Manuel Lopes de Araújo Cananéia. Registra a tradição oral que, ao mesmo tempo, às vezes, ditava quatro, cinco cartas. Deduz-se da leitura de algumas dessas missivas que foram conhecidas, e de documentos políticos impressos, que Tomás de Araújo se dedicava, nas ocasiões próprias, à leitura de livros". Jayme da Nóbrega vai mais além, chegando, inclusive, a fazer uma análise dos termos empregados por Tomás de Araújo. O patriarca seridoense também conhecia a doutrina cristã a ponto de fazer preleções. Jayme da Nóbrega acrescenta outros traços da sua personalidade: "astúcia, habilidade, bom senso, memória, espírito de discernimento e capacidade de decisão. E ainda desmente a versão de que Tomás de Araújo simpatizasse com os ideais da Confederação do Equador.Câmara Cascudo afirmou que não podia compreender como o imperador escolhera um homem idoso para administrar uma província que vivia uma situação dramática, caótica. Mais uma vez Jayme da Nóbrega desmente, de maneira firme, a lenda: "Em 1824 começava devagar um processo de glaucoma. Quando à idade, estava então com 59 anos, de excelente saúde e boa disposição (...). Depois que Tomás de Araújo deixou a presidência, viveu com boa saúde 23 anos".A imagem que os autores construíram, tendo por base as declaração do próprio Tomás de Araújo, no Auto de Vereação, teria como objetivo apenas justificar o seu pedido de demissão do cargo de presidente da província. Os historiadores não compreenderam essa verdade. A velhice começa, na realidade, aos 65 anos e não aos 50... Confundiram paciência, capacidade de esperar para poder agir corretamente, com inabilidade. É bom repetir: Tomás de Araújo, impediu que os combates se desenrolassem na terra potiguar, sim. Os ânimos estavam muito exaltados. Evitar o derramamento de sangue entre irmãos é tarefa muito mais relevante do que solucionar um conflito entre facções adversárias, através do sacrifício de muitas vidas! Tomás de Araújo agiu nesse sentido de maneira consciente: "temendo que se alçasse a guerra civil e caísse nesta Província a indelével nódoa de sangue brasileiro de que até hoje isenta, propus e afiancei em nome de todos os feitos praticados de parte a parte, tornado réu de culpa ao que traísse essa proposição, e sendo por todos aceita e aplaudida em alta voz, mandei que entrasse só a Tropa de I linha, abarracando-se a outra força, ao que obedeceram".Tomás de Araújo foi criticado, acusado de estar na "corda bamba", procurando agradar os dois grupos em luta. Outro engano. Ele era monarquista. Disse isso claramente: "Jamais se deixaria levar da impetuosa corrente de opiniões republicanas, anárquica e subversivas da obediência e boa ordem". Palavras que retratam perfeitamente o pensamento de um monarquista. Não ficou indeciso, ao contrário, procurou combater a violência com a astúcia de um sertanejo experiente no comando de pessoas...Governou como se estivesse administrando uma de suas fazendas, determinando tarefas, por sinal, pouco comuns, para seus subordinados. Mandou, por exemplo, que os soldados trabalhassem na agricultura, para abastecer o quartel de alimentos... Combateu a prostituição, fazendo com que as mulheres tivessem uma missão diária: fiar algodão.Honeste, "fiscalizou pessoalmente o Erário, impedindo que houvesse abusos", disse Jayme da Nóbrega Santa Rosa. Não se deve confundi-lo com o seu pai e com o seu avô, que tinham mesmo nome. Pioneira família do Seridó, cujo poder econômico vinha da pecuária, era filho de Tomaz de Araujo Pereira Filho e de Tereza de Jesus Medeiros Rocha, sendo seu avô paterno o português colonizador Tomaz de Araujo Pereira, primeiro portador do nome, e seu avô materno o açõriano Rodrigo de Medeiros Rocha. Foi o primeiro Presidente da Província do Rio Grande em 1824. O referido governo foi entregue à Câmara, quando a proposta da Confederação do Equador caiu por terra. Ao deixar o governo, a situação política continuava muito difícil. Não recebeu nenhuma garantia de vida. Saiu de Natal para Acari e, num determinado local, onde corria sério risco de morte, viajou escondido dentro de um barril, que foi levado na cabeça de seu fiel escravo, "Pai Banguela". Em Acari, na Fazenda Mulungu ou Carnaubinha, ambas de sua propriedade, elaborou sua defesa, com o objetivo de excluir qualquer dúvida sobre sua participação nos episódios relacionados com a Confederação do Equador. Tomás de Araújo passou o governo à Câmara no dia 8 de setembro de 1824, sendo o novo administrador o presidente da Câmara, Lourenço José de Moraes Navarro, que dirigiu os destinos da província até 20 de janeiro de 1825, quando o sonho da Confederação do Equador estava totalmente destruído.
FONTE: Dr. Fernando Antônio Bezerra
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