ANTÃO LOPES DE ARAÚJO (1915-1997)
Nasceu em Caicó no dia 17 de janeiro de 1915, filho de Francisco Alves de Araújo e de dona Veneranda Maria de Araújo, e faleceu no dia 02 de agosto de 1997 na cidade de Acari. Em sua juventude foi trabalhador rural na Fazenda Belém, de propriedade do seu tio Tomáz Rosendo. Seguindo seu crescimento passou a freqüentar mais a cidade e começou a trabalhar na padaria de seu Joãozinho. Foi quando conheceu dona Tereza Regina de Araújo que residia em Cruzeta, e participava da feira de Acari, que se tornou sua esposa e mãe dos seus dez filhos. Sua vida profissional foi pautada de muita seriedade, sendo nomeado zelador e controlador de vôos do Campo de Pouso de Acari, que tinha a denominação de Major Hortêncio de Brito, no dia 02 de janeiro de 1953, pelo prefeito da época José Vinício Dantas. À partir da década de sessenta do século passado foi convocado para exercer também a função de inspetor das escolas rurais, percorrendo todo o município em uma égua. Após a extinção desse cargo acima mencionado, e para completar seu tempo de serviço visando sua aposentadoria, foi vigia do Palácio dos Esportes Jorácio Mamede Galvão, desde a sua construção até os primeiros dias de sua inauguração. Homem humilde, muito religioso e convicto de suas obrigações zelando sempre os patrimônios públicos e sua idoneidade.” O texto acima, entre aspas, é um resumo da vida de um homem que conheci criança. Sempre me dispensou especial atenção e eu, menino fanático pela consideração de um adulto, ainda mais quando esse adulto era um homem cheio de simpatia, respeito e mansidão, sempre fiz questão de tirar um dedinho de prosa que fosse com ele. Seu Antão me fez muitas vezes, escorados numa parede e protegidos do sol, mandar que outro entrasse em meu lugar no time que jogava na quadra descoberta ao lado do ginásio de esportes, ainda em construção, só para ouvir atento suas histórias. E eram muitas, todas cheias de preciosos detalhes, descobrindo-me coisas que eu não sabia. Já o conheci vigia lá, já o conheci um homem de certa idade, cheio de alegria, felicidade e com um sorriso que parecia perpétuo, numa expressão alegre de quem se reconhecia sabedor do dever cumprido como ser humano. Diferente de muitos adultos, jamais incentivava as brigas dos meninos. Ao contrário, conseguia antecipar o fato e chamar os dois brigões para um castigo de poucos minutos, sentados ao seu lado, quando geralmente conseguia que fizessem as pazes. Era, portanto, um pacificador nato, ciente da sua condição e diligente na obrigação que exercia; recebendo, assim, de todos os meninos peculiar reverência e unânime admiração! Às vezes, brincávamos de acertar uma pedra maior, colocada propositadamente a uma certa distância. Quando reparávamos, a brincadeira tinha ganhado inúmeros adeptos. Ele sempre vencia. Em minha adolescência, já me tornando rapaz, achei de enamorar-me por uma vizinha sua e, como é comum da idade, virei assíduo freqüentador da calçada do velho amigo. O namoro não vingou, mas a amizade com seu Antão se fortaleceu. Essa semana, com as primeiras chuvas caindo aqui em nossa terra, eu fiquei me lembrando do seu jeito de tirar o chapéu e olhar para o horizonte, do lado das serras do Gargalheiras, amiudando os olhos protegidos pela mão posta sobre a testa, como quem batia continência à supremacia da natureza, e esperava dela as nuvens benfazejas. Aliás, foi seu Antão quem me descobriu que a melhor bica para tomar banho de chuva da cidade, era justamente a do ginásio de esportes que ele guardava.
FONTE: acaridomeuamor.nafoto.net
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