BRANCA DIAS (1515-1585)
Nasceu na hoje Viana do Castelo, norte de Portugal, cristã-nova do período colonial brasileiro, teve que migrar para o Brasil. Esposa do comerciante português Diogo Fernandes. Com uma descendência incontável está na origem genealógica do povo judeu que vive até hoje nesta e em outras partes do país. Deixou 11 (onze) filhos e 27 (vinte e sete) netos, deixando uma linha no Seridó potiguar. Recebeu do donatário Duarte Coelho a sesmaria de Camaragibe, onde fundou um engenho de cana de açucar. O ano de 1540, Diogo veio na frente preparar o terreno para trazer a família para o Brasil, deixando Branca e os filhos em Portugal. Branca Dias não somente era uma das raras mulheres que sabiam ler no Brasil do século XVI. Foi também a primeira judia a praticar o judaísmo nas Américas. Ela e o marido tinham, além do engenho, uma casa em Olinda. Assim, segundo consta nos registros históricos, em ambas as casas, mantinham espaços secretos para os cultos judaicos (esnogas), onde reuniam outros criptojudeus, como eram conhecidos os cristãos-novos que continuavam a praticar secretamente o judaísmo, sob constante ameaça de serem delatados à Inquisição. a morte do marido se estabeleceu definitivamente em Olinda, onde apoiou uma escola de prendas domésticas para moças. Seus pais e avós provavelmente saíram da Espanha após o Édito de Alhambra, de 1492, promulgado pelos Reis Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, expulsando os judeus sefarditas do país. Mesmo após o seu falecimento foi novamente processada pelo Tribunal do Santo Ofício, acusada de continuar na prática do judaísmo. Também suas filhas e netas foram vítima da intolerância religiosa daquela época. A cantora brasileira Fortuna compôs uma canção em homenagem a Branca Dias, cantada numa mistura de hebraico, ladino e português. Os estudos históricos e genealógicos têm avançado e a descendência de Brancas Dias em Pernambuco é bastante conhecida servindo como referência e norte para as famílias hodiernas. Segundo Marco Antônio Filgueira, em seu livro “Os judeus foram nossos avós”, sabe-se que sua tetraneta Inês de Vasconcelos teve um filho, Manoel Vaz Carrasco, que migrou para o Ceará em 1673. Ele teve sete filhas, das quais descendem as principais famílias de Sobral. É desse ramo familiar que Cláudio de Oliveira descende. Na Paraíba, Marco Antônio Filgueira escreve também que a professora Zilmar Ferreira Pinto, uma das maiores pesquisadoras sobre os cristãos-novos, “estudando a descendência de Branca Dias, conduz a possibilidade de que Antonio Barbalho Pinto seja filho de Violante Fernandes e de Antonio Barbalho e assim neto de Branca Dias.” Já no Rio Grande do Norte a Dra. Kyvia Bezerra Motta desbravou a descendência de Branca Dias ligando à matriarca D. Adriana Lins de Vasconcellos, fazendeira pioneira de Currais Novos/RN. D. Adriana é tetraneta de Maria de Paiva que era neta, por sua vez de Branca Dias. Fernando Bezerra Galvão, descendente de D. Adriana de Vasconcellos e de Cipriano Lopes Galvão, é considerando o maior genealogista da região Seridó, ratifica a pesquisa supramencionada.
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