OCTÁVIO LAMARTINE DE FARIA (1903-1935)

 Filho de Juvenal Lamartine de Faria e de Silvina Bezerra de Araújo Galvão, sendo neto paterno de Clementino Monteiro de Faria e de Paulina Monteiro de Faria e, materno, do Coronel Silvino Bezerra de Araújo Galvão e de Maria Febrônia de Araújo Galvão. Octávio Lamartine de Faria nasceu no dia 16 de junho de 1903, no município de Acari, e foi assassinado no mesmo lugar em que nascera em 13 de fevereiro de 1935. Formado engenheiro agrônomo,  é considerado o primeiro profissional graduado na área a ter essa formação no Rio Grande do Norte, privilégio para o Seridó onde veio trabalhar com sólida base acadêmica. Da Escola Agrícola de Lavras de Minas Gerais onde formou-se agrônomo foi para um curso de especialização na Georgia, Estados Unidos.  Esse preparo acadêmico o credenciou a dirigir   o Campo de pesquisas do algodão 'Mocó' de Bulhões  em Acari  e  que depois passou para a Estação Experimental de Cruzeta. Diretor do Serviço de Algodão do Rio Grande do Norte, área de sua especialidade.


Prefeito de Acari com o mandato interrompido e, segundo dizem os mais velhos, tinha espírito público e vocação para servir, cedendo, inclusive, parte de seus proventos para as escolas, considerando o município não dispor de verbas suficientes para arcar as despesas inerentes. Era, portanto, um homem preparado para as letras e para a ciência; com carisma para exercer liderança e gosto pelas coisas do Seridó. Foi assassinado por razões políticas. A propósito disto, Arthéfio Bezerra da Cunha, professor e político de Serra Negra do Norte, escreveu sobre o fato, esclarecendo que Mário Câmara, então Interventor do Rio Grande do Norte, naquela época vinculado ao grupo de Café Filho, não ganharia as eleições que se aproximavam e autorizou “carta-branca” para que agissem a polícia e seus correligionários: “Essa luta difícil se prolongou, quando a carta-branca foi executada com requintes de perversidade e registrada nos assassinatos dos irmãos Miguel Borges e José Borges, no Município de São Miguel de Pau dos Ferros; dos dois primos, sobrinhos do Dr. Amorim, velho médico e político veterano em Assu, sua terra; o de José Aquino já refugiado em Belém do Arrojado, Canaã, hoje Iraúna; o de Francisco Pinto, em Apodi; e o de nosso personagem, o homem mais importante da nossa história que foi miseravelmente assassinado no sítio Ingá, do Município de Acari, em 13 de fevereiro, isto, já em 1935. Mais três perrepistas foram assassinados também, cujos nomes  escapam à memória do escritor serranegrense.  

Outra figura das mais ilustres da política norte-riograndense durante a Primeira República, Cel. FELINTO ELÍSIO DE OLIVEIRA AZEVEDO  foi uma das vítimas da onda de violência vivenciada nessa conjectura. Em 1935, numa visível demonstração de abuso de autoridade e poder, o delegado Francisco Efraim, a serviço do ódio partidário, invadiu a residência do velho patriarca, na fazenda ‘Sombrio’, espancando-o e prendendo-o, simplesmente pelo de ser um dos opositores ao Governo Estadual, naquele município. Iniciado o processo de reconstitucionalização do país, filiou-se as hastes do Partido Popular, fundado e dirigido no Estado por José Augusto e, em seu município, contribuiu fortemente para a vitória dos candidatos populares à Assembléia Estadual Constituinte (1935). Ao todo, foram nove presas depois da carta-branca” conforme deixou relatado o prefeito Arthépio no livro “Memórias de um Sertanejo”. 

Sobre o interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara pode-se dizer dizer que era   considerado uma pessoa de confiança de Getúlio e que utilizou a máquina estatal para impor medidas visando ganhar as eleições de 1934,  totalmente arbitrárias. A disputa naquele período conturbado foi uma das mais radicais – e violentas – da história potiguar. No caso de Octávio, ele estava em casa, em companhia da família e,  a famigerada volante policial – com o tenente Oscar Rangel a frente, guarnecida pelos sargentos José Galdino de Souza, José Albuquerque dos Santos e mais oito soldados – não foi ao Ingá para prender o jovem líder potiguar. Foi para matá-lo e o fez covardemente diante de sua esposa, Maria Dinorah Cavalcanti Lamartine de Faria, que ainda suplicou pelo marido, ouvindo do tenente: “Viemos somente matar seu marido. Arrede-se!”  Mário Câmara não foi envolvido diretamente e, pela proximidade com Getúlio Vargas, foi nomeado, após deixar o Rio Grande do Norte, delegado do Tesouro Nacional em Nova York e, com Café Filho na Presidência, assumiu o cargo de subchefe do Gabinete Civil e, depois, Ministro da Fazenda no período de 11 de outubro de 1955 a 31 de janeiro de 1956. Quanto a Octávio, Fernando Bezerra atenta que o Estado potiguar perdeu uma inteligência que já estava ajudando a iluminar a vida seridoense, tanto pelo conteúdo qualificado de sua formação e especialização, quanto pela liderança que passava a exercer em toda a Região. 

 
Nesse contexto, podemos reafirmar que nos idos dos anos '30', pavimento da ditadura Vargas, foi vítima da mais grotesca covardia de política antidemocrática. Seus algozes foram alguns celerados, tendo OSCAR RANGEL, que recebeu vestimenta de policial da mão do próprio Interventor do Estado, sendo liberado, de forma conveniente,  da Casa de Detenção do Recife.   O nosso vulto e mártir mais importante foi alertado do perigo que corria e que devia se ausentar da cidade o quanto antes. Refutada a ideia de forma veemente, insistiu  em permanecer na administração Fazenda Ingá.  De posse do SALVO CONDUTO, expedido por Tomás Salustino, acreditava ser suficiente para salvá-lo de toda ou qualquer infortúnio. Ledo engano, chegou um caminhão  carregado de 'jagunços'  para interpelar um homem honrado. Saiu à porta da casa da Fazenda com a filha 'JUREMA' de tenra idade abraçada ao pai.

Desse modo, afirmamos, e reafirmamos que estamos diante do homem mais importante do Seridó. Do vulto, do líder de maior destaque de todos os tempos, sobretudo por ter pagando com a própria vida, notadamente, simplesmente por ser apenas uma figura pública que se destacava em tudo que fazia. Ascenderia, logo que tivesse a oportunidade, considerando está abafado por uma nefasta ditadura política. 


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